Sentir o chão por baixo da sola dos sapatos, a postura correcta, o olhar em frente, os passos mecanizados. Primeiro o direito, de seguida o esquerdo… Livro na mão, de lombada azul escura. Às costas, uma mochila quase vazia, um adorno.
Entrou. Cheirava a uns quantos pós, eram-lhe familiares mas ignorou. Foi directo à Gibson, o modelo exacto que sempre quis. Com um elástico encarnado apanhou o cabelo longo, deixando cair junto aos olhos, uma ou duas tiras. Acorde, outro, e outro. Numa folha repleta de rabiscos, escreveu meia dúzia de versos, uma letra profunda, acompanhada por uma melodia fenomenal.
O cheiro semelhante ao tal, o familiar. O fumo e as luzes. O palco e o seu microfone. Choque de baquetas. E um, e dois…E um, e dois e três e… A tarola vibrava, os pratos dançavam. O baixista com um dedilhado nas cordas grossas. Um solo estonteante da guitarra. A sua voz.
O seu olhar parou numa jovem, morena, com um leve toque de batom. Deixou-a. Braços no ar, pingos de suor voavam, t-shirts negras com nomes de grandes bandas estampadas nas costas. Vibravam e o compasso da bateria ia direito aos ouvidos esfomeados.
Palco vazio, luz apagada.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
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